Bromélia-peluda: Nova espécie de planta é descoberta em Minas Gerais

O artigo é assinado por pesquisadores do Instituto Nacional Nacional da Mata Atlântica (INMA), do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e das universidades federais de São João del-Rei (UFSJ), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Como foi encontrada

A “bromélia-peluda” foi encontrada em novembro de 2022 por um morador chamado Júlio César Ribeiro, em uma montanha no município de Alvarenga, no Vale do Rio Doce. Enquanto Júlio andava pela região, que tem muitas cachoeiras, se deparou com pequenas plantas de folhas verdes pálidas e, entre elas, uma pequena flor de cor rosa. 

Júlio conta que as folhas peludas, semelhantes às do capim, e as flores emergindo no meio das folhas chamaram sua atenção, além de ser uma planta que ele nunca tinha visto na região. Curioso com o que poderia ser a planta, ele fotografou a planta e enviou as fotos para pesquisadores, que já desenvolviam estudos naquela região. 

Ao receberem a foto, os pesquisadores também não acreditaram que poderia ser uma bromélia, devido às características da planta. Dayvid Couto, pesquisador do INMA, explica que a descoberta é empolgante por várias razões, uma delas é o fato de ser difícil imaginar uma bromélia com folhas aveludadas e cheias de pelos, quando normalmente se pensa em bromélias com folhas brilhantes que acumulam água ou em plantas espinhosas como o abacaxi. No estudo, os pesquisadores apontam que os pelos da "bromélia-peluda" podem ter como função absorver água ou proteger contra a perda de água para o ambiente. 

Paulo Gonella, co-autor do estudo e professor da UFSJ, conta que antes da descoberta dessa nova espécie, o gênero Krenakanthus tinha apenas uma outra espécie conhecida, que não apresentava a característica de ser peluda. O nome Krenakanthus significa 'flor dos Krenak', em homenagem ao povo originário da região do Vale do Rio Doce.

No estudo, os pesquisadores já chamam atenção para as condições em que a “bromélia-peluda” foi descoberta. Eduardo Fernandez, coordenador do Projeto Núcleo de Avaliação do Estado de Conservação da Flora do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), destaca que, com base na distribuição muito restrita e no avançado grau de degradação da região onde foi encontrada, eles avaliam essa espécie como 'Criticamente em Perigo de Extinção', o grau mais alto de risco.

Homenagem ao descobridor 

Segundo divulgado pela Agência Bori, o segundo nome dessa nova espécie, ribeiranus é uma homenagem a Júlio César Ribeiro. 

O Ciência Cidadã é uma parceria entre cientistas e cidadãos no desenvolvimento da pesquisa científica. A partir dessa iniciativa, o morador pode contribuir em uma ou mais fases da pesquisa como coleta, interpretação, análise de dados e na elaboração conjunta de projetos para responder questões científicas. 

A “bromélia-peluda” se une a outras descobertas recentes em Minas Gerais. Na última década, foram encontradas mais de 30 novas espécies de plantas na região leste do Estado. 

Gonella afirma que essas serras, além de abrigarem uma biodiversidade única, desempenham o importante papel de 'caixas d'água', protegendo nascentes cruciais para o abastecimento de água de qualidade em diversos municípios da região. Isso se tornou particularmente relevante quando o rio Doce foi afetado pelo desastre de Mariana.

Fontes: https://www.terra.com.br/planeta/noticias/nova-especie-de-planta-e-descoberta-em-minas-gerais,91ce5f2879772ccfccd454ea4ab8a4b520hkrd7m.html

https://phytotaxa.mapress.com/pt/article/view/phytotaxa.619.1.2